A PINTURA DE IVAN MARINHO
Círculo, roda, ciranda. Mancha cósmica. Explosão vulcânica.Movimento vivo em permanente expansão.Útero.Gestação.Posto em diálogo aberto e franco com a pintura de Ivan Marinho, esses sentimentos me assaltam e emocionam.Esse círculo eletrizante, sei que é o povo: o de Ivan, o meu, o de todos nós brasileiros, pulsando, "frevendo". Povo que canta, que dança inventando tudo que denominamos Cultura Brasileira, "mestiçaria" explícita. Aqui está a vitalidade explosiva de nossa gente expressa com paixão, nas formas e cores do poeta Ivan Marinho.Creio que é dessa paixão, dessa imersão na vitalidade dos povos de todos os tempos humanos, que nasce a grande ARTE, aquela que permanecerá nos re-alimentando: humanidade em eterno FAZER-SE.

Urian Agria de Souza
Artista, professor de Artes-plásticas da PUC-Rio.

Contatos

ivanartemarinho@hotmail.com (fone: 81 - 35183125)

domingo, 20 de junho de 2021

MUSEU DO BACAMARTE VISITA USUÁRIOS DE DROGAS

 


    Nascido como extensão das ações do Museu Olimpio Bonald de Bacamarte - o MOBBAC -, chegou a vez do Museu Itinerante de Bacamarte se apresentar na sede do Programa ATITUDE no Cabo de Santo Agostinho. Atendendo ao convite da arte-educadora Elza Medeiros, o encontro foi dinâmico e com muita participação dos jovens. Apresentaram a história da SOBAC e as peculiaridades do folguedo, o mestre Ivan Marinho e o brincante bacamarteiro Antônio Eduardo. 

O programa Atitude, do estado de Pernambuco, tem como objetivo fornecer atenção integral às pessoas que usam drogas, acolhendo, atendendo e protegendo a vida delas.

"Ações como esta", declarou o mestre, "aproximam os jovens de expressões identitárias que podem servir de gancho para uma possível reintegração sócio-cultural, onde os elementos estéticos falem mais alto do que a fulga da realidade". Vários estudos antropológicos e psico-sociais já demonstram que o pertencimento a um terrítório cultural é impressindível para a satisfação afetiva.

A educadora Elza Medeiros ficou muito feliz com a palestra e por ver seus alunos tão envolvidos, e se comprometeu a levá-los ao Museu Olimpio Bonald de Bacamarte no dia 21 de junho, para uma visita in loco do único museu do mundo do gênero.

domingo, 10 de janeiro de 2021

domingo, 17 de dezembro de 2017

PINTURA DA SÉRIE SAUDADES DO CAPITÃO

                                                         Acrílica sobre tela, 45x60cm

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Inclusão do aspecto religioso na Mostra Bacamarte em Pernambuco, de Ivan Marinho


A Mostra Bacamarte em Pernambuco, do artista plástico Ivan Marinho, segue os passos de seu autor quando expressam suas práticas. Envolvido, naturalmente com as manifestações culturais de sua região, o autor viveu por dentro o mundo da Capoeira - vivenciando por 18 anos a prática-, do Maracatu Nação - como puxador de loa do Guerreiros de Oyó -, do Coco-de-roda - convivendo e criando o Encontro Pernambucano de Coco -, dos Cordéis, recebendo o Prêmio Patativa do Assaré do Ministério da Cultura e, principalmente, liderando a brincadeira do Bacamarte em todo o estado de Pernambuco.
Com base nestas vivências, bem como no mundo do trabalho
, é que o autor se declara um nordestino do Brasil, cultivado no mundo da classe trabalhadora, um artista trabalhador. "Os mundos são distintos. Neste mundo real, qual conceituava Machado de Assis, a vida nos convoca à luta cotidiana e a criatividade é um imperativo de sobrevivência. Traduzir os memes do mundo do trabalho, com todos os seus improvisos em busca da felicidade é tarefa prioritária de quem deste mundo emerge. Nossos referenciais (embora adormecidos na maioria) são de coletividade, de espécie, enquanto os de outros são os de individualismo e acúmulo, portanto, crio como quem detona um bacamarte, gritando: Acorda Povo!".

Novo exemplar da Mostra Bacamarte em Pernambuco, de Ivan Marinho


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Fogueira de bacamarte. Acrílica s/ tela


BACAMARTE EM PERNAMBUCO, PINTURAS DE IVAN MARINHO


Daniel Henrique*          
                Acompanhamos, por cinco anos, a peregrinação artística do poeta/pintor Ivan Marinho, com a Mostra Pós-contemporânea, pensando que se fechava, naqueles trinta anos de militância pictórica, seu ciclo estilístico que, para além dos invencionismos camuflados de criação, vem carregado de experiências anteriores sem, no entanto, deixar de surpreender. E surpreende, nesta nova mostra, pela ousadia de intercontextualizar escolas aparentemente díspares como a Naif e a Realista, dando às telas o calor dos trópicos e a temática originalíssima dos Bacamarteiros. Neste sentido, o próprio Marinho, postula a inesgotabilidade da arte, seja qual for a técnica aplicada. Costuma dizer que nunca deixará de existir um bom tango, um blues, um xote, um chorinho, um frevo..., no mesmo sentido se refere à pintura, negando a pretensão de Ad Renhard em sepultar as telas.
                Como seu conterrâneo Jorge de Lima e seu amigo Olímpio Bonald Neto, Ivan Marinho transita nos universos do tempo e do espaço, trazendo à luz poesia e pintura, criando, às vezes, relações próximas entre os dois objetos, como se pode vislumbrar no poema BARROQUILHAS, vencedor do Festival Jaci Bezerra de Poesia do Centro de Estudos Superiores de Maceió, onde o poeta empresta certa sinestesia, ornamentada com imagens surreais: “... e preterindo o futuro/ faz da noite a luz do dia/ e a esfera, por magia/ amolece o papel duro...” , assim como no FRAGMENTO DO ACASO, selecionado para três antologias, a da Editora Scortecci, da Editora Carpe Dien e do SINTEPE, onde o poeta abusa de suas habilidades no trato com a imagem: “ Sem gravidade flutuam/ estilhaços de um espelho/ e cada parte reflete/ um fragmento do acaso...”.
                Mas não para na estética o compromisso deste pintor. Ciente de que os talentos são obscurecidos, ou até abortados, pela injustiça social, talvez seja Ivan Marinho, o artista plástico que mais expos em espaços populares, como igrejas, escolas públicas, bares, associações de moradores, sindicatos... e até num largo, o do Livramento em Recife, naquele momento incentivado pelo também artista plástico Fernando Duarte, quando na presidência da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, teve a participação ilustre de músicos como Mestre Salustiano, Fernando Filizola, Maciel Melo e Ronaldo Aboiador.
                Vivedor das manifestações populares, Ivan foi capoeirista, puxou loa de maracatu no Pátio do Terço, criou o Encontro Pernambucano de Coco de Roda no Cabo de Stº Agostinho e, a frente da tradicional Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo, a SOBAC, reuniu-se com grupos das diversas regiões do estado de Pernambuco e fundou a Federação dos Bacamarteiros de Pernambuco, FEBAPE, que em sua posse, que terá o multiartista como presidente, ilustrará o evento, que reunirá mais de 800 bacamarteiros, com a mostra de pinturas Bacamarte em Pernambuco. O imortal pernambucano Olimpio Bonald, exaltando a diversidade de talento de Marinho, diz que “...Além de que, é também, ele próprio, dotado pela natureza, da Arte de se expressar através de traços, formas, cores, fixando sobre suas telas toda magia e emoção de seus admiráveis modelos”.
                Está aí uma boa oportunidade para conhecer de perto a arte e o artista – um dos vencedores do Prêmio Bandepe -  que estará, com seus irmãos bacamarteiros, dando um tiro de paz no cromossomo nordestino de nosso povo.
DE 11 à 14 de junho no Salão Nobre da Assembleia Legislativa de Pernambuco e
DIA 15 DE JUNHO DE 2012
DAS 08 ÀS 15 HORAS
NA ASSOCIAÇÃO DOS COMERCIANTES DA CEASA, durante a posse da Federação dos Bacamarteiros de Pernambuco.
 
Brasília, 08 de junho de 2012.                                                                  
*D. H. Escreveu os romances O Sorriso da Cachorra, Enterro sem Defunto e Mar de Pedras.  

domingo, 8 de abril de 2012

PINTURA E MEIO

“...aprendemos a ver o que vemos com outros”.

Sandra Richter.

Há trinta anos que pinto quadros e, desde pequeno que desenho e modelo. Gostava tanto destas atividades que me matricularam numa escolinha de arte no Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas na capital Alagoana. Com oito, nove, dez anos, atendia a encomendas de vizinhos fazendo desenhos religiosos, além de ilustrar trabalhos de amigos, os grandes amigos semeados no mundo popular de uma imensa Vila de Cohab: o Jardim das Acácias, vasto bairro que daria à nossa nação o compositor Djavan, que morava num prédio ao lado do meu. Naquele universo, que reunia nada menos que 576 famílias, não faltava pretexto para encontros sociais, como as festinhas (assaltos ou assustados), quadrilhas juninas, peladas e outros jogos, como os elaborados campeonatos de futebol de botão, que ultrapassavam semanas, com juízes, tabelas e outros detalhes, como os congressos técnicos que se davam espontaneamente antes da primeira partida para acordar coletivamente o regulamento e, é claro, nem se chamavam de congressos técnicos nem nada.

Tudo era naturalmente público e, assim, não seria diferente com as práticas artísticas. Descobriam-se os desenhistas e logo se formava uma roda destes, com uma reca de espectadores impressionados com as habilidades expostas. Nunca vi, naquela época, ninguém se declarar melhor do que ninguém.

Em casa o desenho era constante, todos os irmãos, graças ao mais velho, André Jerônimo, que viria, no futuro, ser agente da polícia federal e realizar, dentre tantas grandes ações, a da prisão dos assassinos do Chico Mendes. Meu irmão mais novo, que viria a ser romancista, também seguiria os passos do pai e do irmão mais velho, enveredando na polícia civil de Brasília, incorporando honra àquela corporação.

Esta introdução, aparentemente biográfica, não é atoa, justificar-se-á no contexto temático intencionado.

Um dia, atendendo clientes no Bar e Espaço Cultural Morgadio do Kaos, nome criado por mim e pelo poeta Erickson Luna, uma cachaçaria, recebi um indivíduo que não lembro o nome, que perguntou:

- Você é Ivan Marinho?

- Sim – respondi.

- Mas você não é artista plástico?!

- Sou!

- Pensei que você fosse artista plástico.

- Bom, se não posso ser artista porque sou bodegueiro, imagine quando você souber que sou professor de duas redes de ensino...

- Pois é, pra mim artista é só artista.

Aquela situação me poria a refletir sobre minha condição de artista e, confesso, cheguei a me questionar sobre esta condição. Olhei com mais cobrança para meus trabalhos, olhei para a memória pictórica e para o trajeto que me trouxe à produção atual. Percebi, entre outras coisas que, pela sazonalidade produtiva, a obra não apresentava uma sequência homogênea da linguagem, mas percebi, também, que apesar da importância que vejo na sequência homogênea da linguagem, não era um demérito ter uma obra que apresenta uma sequência heterogênea, mas crescente no campo perceptivo, da linguagem sugerida. Descobri, provocado por aquela onda de autocrítica, que apesar de lento, meu processo criativo não era estanque, como se a extensão do tempo permitisse uma autofágica apuração do quê dizer, do como dizer e do para quê dizer. Outro fruto daquelas indagações foi o de substância espiritual. E é sobre este conceito que, a exemplo de Deleuse – que pensava repensando – quero me debruçar agora para tentar expor minha percepção suplantando a denotatividade da prosa desta crônica para tratar da conotatividade poética do universo pictórico.

Em tempos de apologia ao consumo, como disse Luna no posfácio de meu Anti-horário, o critério de julgamento da criação se dá pelo sucesso ou não no mercado. Se o pintor vende, então é digno de ser observado, se não vende não passa de um desocupado que deveria procurar o que fazer. Como relatei acima, naquele momento, quando uma pessoa me perguntou se era Ivan Marinho, pude presenciar meu trabalho julgado sem sequer ser visto, numa espécie de culto à personalidade às avessas. Bastava o fato de me ver por traz de um balcão para definir a falta de qualidade de meu trabalho artístico, ou mais, a minha vocação.

Indagando a mim mesmo sobre o quanto minha obra havia sido tolhida por conta das outras atividades, as que me obrigava pela sobrevivência, desemboquei numa questão: O que seria minha criação se não tivesse o pai assassinado, se não tivesse deixado Maceió para mergulhar de cabeça na abissal Recife na adolescência, se não tivesse que trabalhar, com 15 anos, furando e cortando na guilhotina cartões de loteria esportiva quando não se vislumbravam computadores nesta ações, se não tivesse estagiado, ainda com 17 anos, com deficientes mentais, mesmo quando não me distinguia entre meus pacientes, se não tivesse, por oito anos, me perdido (literalmente) nas drogas, acreditando, ilusoriamente, que aquilo me abriria as portas da percepção, se não tivesse vivido a condição oprimida de operário em sondas de perfuração de petróleo em empresas terceirizadas da Petrobrás, se não tivesse um casamento frustrado que me anunciaria a efemeridade das paixões juvenis, se não tivesse tido a dádiva de trazer à luz, por seis vezes, personalidades encantadoramente únicas, os meus filhos...?

Concomitante a esta realidade descrita, paira a mais concreta realidade, que é a de fazê-la existir, ou seja, a de sobrevivência, que exige, para além das percepções, a assunção de responsabilidades que não deixam margem aos devaneios pequeno-burgueses.

Quantas vezes não me peguei em crise pensando estar desperdiçando meu tempo em atividades que não eram inerentes à arte. Mas, como digo num poema, foi nesta queda que aprendi a voar. Descobri que, como a obra precisa de substância estética do volume, do traço, da textura, do ritmo... o artista precisa de substância espiritual para criá-la. E que substância espiritual teria eu num país de quinta grandeza econômica onde ainda existe fome, onde a maioria da população sofre a inanição de justiça?

Das dificuldades pela sobrevivência e da alegria de compartilhar a cultura brincante do povo oprimido do nordeste brasileiro, tirei as cores e as formas que deito sobre as telas, fazendo opção, é claro, pelos motivos mágicos que justificam nossa existência. Que o belo denuncie o feio, como a justiça denuncia a injustiça.

Minha pintura, como meu olhar, não se quer iludida pelos apelos do mercado, não se quer uma reprodução da vida, mas também não se quer uma janela que se abra para fora, mas sim uma que se abra para dentro fazendo acordar para o sentido social da existência humana.

A opção pela profusão de cores, guardado o respeito pela harmonia, aquela mesma que garante a unidade da obra, é também uma opção pela vida, uma vida outra, mais próxima da dionisíaca eternização de cada momento, uma vida encerrada num tiro de bacamarte, numa roda de capoeira, numa jornada de caboclinhos ou de guerreiros, nas passagens dos passos do frevo, numa evolução percussiva de maracatu, no insight genial de uma cantoria de viola, no êxtase frenético do coco-de-roda, no átimo do encontro da lança com a argola na cavalhada, no estalo avante do chicote de um careta, na dolência malemolente da ciranda, em fim, em tudo que conserve o “pólen de deus nas criaturas”, como nos disse o poeta maior Alberto da Cunha Melo em seu Ergonomia.

Por Ivan Marinho,

Artista plástico, Professor, especialista em Economia da Cultura.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

MOSTRA PÓS-CONTEMPORÂNEA DE IVAN MARINHO SE PROLONGA ATÉ DIA 29 DE FEVEREIRO DE 2012.

Exposição iniciada no dia 01 de janeiro se prolongará até 29 de fevereiro de 2012.
Local: Igreja de Nazaré, no Parque Histórico Armando Holanda Cavalcanti, na Vila de Nazaré, próximo a praia de Gaibu.
Horários de visitação: de 8:00 às 17 horas.

sábado, 17 de dezembro de 2011

MOSTRA PÓS-CONTEMPOÂNEA

Está acontecendo na Igreja de Nazaré, no Parque Histórico Armando Holanda Cavalcanti (perto da praia de Gaibu), a Mostra Pós-contemporânea de pinturas do artista plástico Ivan Marinho. Permanecerá até 31 de janeiro de 2012, de segunda à sábado de 8 às 16 horas.
Esta mostra, que já circulou diversos espaços, como hotéis, restaurantes, escolas públicas e privadas e até largos públicos, como o do Livramento no Recife, com participação de Fernando Filizola, o saudoso mestre Salustiano, Ronaldo Aboiador e o poeta-cantador Maciel Melo, vem se renovando e se reescrevendo em telasmultiformes criadas pelo próprio autor, quase todas com molduras feitas em marchetaria, que acompanham os movimento pictóricos da tela cumprindo a intenção de que a moldura complemente o motivo e não que seja apenas um acessório.
O circulo, na imaginação do autor, cumpre a simbologia da igualdade e esta, como se pode verificar nas imagens, é recorrente nos motivos aglomerativos da cultura popular brasileira e, principalmente nordestina. O autor sai da perspectiva individual, onde se retratam golas, preacas, berimbaus, bacamartes... e parte para o fenômeno do coletivo, do anonimato que, magicamente, move o espírito brincante diluindo-o identitariamente.
Professor, especialista em Economia da Cultura pela UFRGS, Ivan Marinho coleciona prêmios, como o BANDEPE - Valor Pernambucano, o de revelação no Festival de Arte Alternativa e, na vertente literária, primeiro lugar no Festival Jaci Bezerra de Poesias no Centro de Estudos Superiores de Maceió, o Patativa do Assaré do Ministério da Cultura, duas vezes no SINTEPE, na Editora Scortecci...
Escreveu o Livro Anti-horário, com prefácio de Alberto da Cunha Melo e posfácio de Erickson Luna e participa de várias coletâneas e antologias, como a Pernambuco: Terra da Poesia e a Poesias e Prosas de uma Terra de 500 Anos.
Pertence à Galeria dos Mortais no maior site de poesias de Pernambuco, o interpoetica.com, e da Academia Cabense de Letras.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O Mundo de Ivan Marinho

Embora não se autodefina intelectual, tampouco acadêmico, "muito menos erudito", Ivan Marinho participa da discussão estética e filosófica. Reconhece a influência de Van Gogh, de Gauguin, reverencia Volpi, cita figuras como Carlos Penna Filho, Ferreira Gullar, Agnaldo Farias e articula teorias singulares sobre a arte e os artistas. Para o poeta e pintor, "a sensibilidade e a percepção estética podem, perfeitamente, ser desenvolvidas através das experiências da vida humana; no entanto, como pensava Mondrian, a gênese propulsora desta disposição individual é a insatisfação com o mundo real".
É essa insatisfação com a realidade que faz com que Ivan Marinho busque, com as pinceladas, com a palavra, com o folclore ou, raras vezes, com a escultura, a "transcendência", a superação, em uma sociedade que ele classifica como "pragmática e temporal", na qual "a finitude cria, dia após dia, o homem descartável, a vida banal e a arte lixo, desprezível".
E ao denunciar, ele encontra eco nos seus mestres na militância literária como o premiado Alberto da Cunha Melo que, na apresentação do livro "Anti-horário", ressalta o "voo" que Ivan consegue fazer, a partir de sua perplexidade, de suas indagações, de suas provações.

Trecho da reportagem de Andréa Moreira, intitulada O Mundo de Ivan Marinho, publicada na revista Cidade Nova em agosto de 2007

Pinturas da série Bacamarte em Pernambuco







sexta-feira, 18 de março de 2011

segunda-feira, 26 de julho de 2010

sábado, 14 de fevereiro de 2009

COMENTÁRIO DA ARTISTA PLÁSTICA MÔNICA CELLA

oi Ivan,
Nossa! teus trabalhos estão muito legais.Dá pra sentir a vibração de cada um deles.
A maneira como teu olhar percorre e entende as manifestações populares e extrai a energia que movimenta esses acontecimentos.Não somente do ponto de vista local, espacial, afinal você poderia estar em qualquer lugar no planeta, pois teus trabalhos e teu discurso revelam-se universais. Eles tem uma força e uma simbologia atemporais.É muito bonita essa relação com nossa brasilidade, com essa "coisa" que só temos aí mesmo.

Sabe, pessoas assim como você me fazem sentir muito orgulho de ser brasileira.

Pareço meio saudosista né!? Estou morando em Amsterdam, na Holanda, devido ao trabalho do meu marido. Então a gente se sente mais ligada as raízes e tudo que diz respeito...

Olha, sempre dou uma espiadinha no teu blog e no site Interpoética,da tua coluna.VALEU! Adoro teu discurso e teu pensamento coerente, inteligente e ao mesmo tempo poético!

Abraço,

Mônica Cella
é formada em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná.
http://artepensando.blogspot.com

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Links relacionados a Ivan Marinho

http://www.zoiotv.com.br/civanmarinho.htm
http://www.interpoetica.com/entrevista_jaci.htm
http://www.interpoetica.com/galeria.htm
www.bacamarteirosdepernambuco.blogspot.com

No artigo Bendita Noite Norte realista: http://www.ospoetaseletricos.com.br/2006_10_01_archive.html

sábado, 10 de março de 2007

ARTE PÓS-CONTEMPORÂNEA DE IVAN MARINHO

O MITO DA NATUREZA ARTÍSTICA

Um dia, numa de suas aulas espetáculos, o mestre Ariano Suassuna, logo no intróito, disse: “Quero vos dizer que sou gago, e digo antecipadamente para que no decurso da aula não precisem se dar conta disso”.
Aproveito esta deixa e previno-vos que não sou intelectual acadêmico, muito menos erudito, e que o que vos comungarei aqui advém de luzes empíricas encontradas nas indagações cotidianas, muito mais filhas da incompreensão do que das compreensões experimentadas no dia normal de um homem normal.
Acompanho em textos esporádicos de personalidades importantes da crítica artística, como Ferreira Gullart, Agnaldo Farias, Affonso Romano de Sant’anna, entre outros, a polêmica que existe em torno do que se chama de arte contemporânea e, sobre isto, resolvi incorporar minha impressão.
Há alguns anos, lendo A Necessidade da Arte, de Ernest Fischer, fiquei surpreso com o marxista falando de arte como algo exclusivo para algumas pessoas, como se nela houvesse componentes que só se concatenassem em eleitos, nascidos com captadores próprios para experimentá-la ou mesmo decifrá-la. Este pensamento põe o artista numa condição especial, excepcional, assim como seu produto: a arte, produto imperceptível para a grande maioria dos seres humanos, os que não nasceram com o dom de poder gozá-lo.
Sob esta ótica os retardatários Gauguin e Van Gogh, bancário e comerciário respectivamente, reprimiram suas naturezas artísticas por muitos anos antes de descobrirem-se gênios.
Parecer semelhante dão os religiosos, que para justificarem suas diferenças de comportamento com o de seus ídolos, dizem que são apenas humanos e seus ídolos são divinos.
Penso que a sensibilidade e a percepção estéticas podem, perfeitamente ser desenvolvidas através das experiências da vida humana, no entanto, como pensava Mondrian, a gênese propulsora dessa disposição individual é a insatisfação com o mundo real. A arte, ao contrário da invenção, não é a tentativa de domínio ou superação da realidade mas, a de transcendência, a de antecipação do espírito do além-homem preconizado por Friedrich Nietzsche no século XIX. E é sobre a referência paradigmática deste além-homem que conduzo minha reflexão acerca deste tema.
A lacuna que existe entre a sociedade e a arte se assenta na demanda espiritual desta mesma sociedade, que se tornou excessivamente pragmática e temporal. O sentido da finitude cria dia após dia o homem descartável, a vida banal e a arte lixo, desprezível! O corpo social comunga do medíocre , do efêmero, como se o indivíduo não fosse em si a própria humanidade, como se toda história se acabasse com a morte dele mesmo; como se não nos eternizássemos com as absorções e mudanças promovidas por nossas ações individuais ou coletivas. Exemplo disto é o que diz que da vida não leva nada e enfia o pé na jaca, gasta o que tem, se desfaz do patrimônio em troca de prazeres imediatos, num hedonismo desesperado que não os permite, sequer, pensar que seus filhos sofrerão da mesma falta de acesso que ele sofrera.
Este pensamento de repasse, de continuidade, de desenvolvimento e melhoria da qualidade existencial é que nos faz “humanos, demasiadamente humanos, mergulhados até a lama da condição humana”, como nos canta o Mautner.
Se até a arte moderna a criação plástica era propriedade cognitiva do criador e de alguns eleitos a experimentá-la, hoje a chamada arte contemporânea está fora da possibilidade da posse cognitiva e da condição experimentável esteticamente de seus “autores”, de seus justificadores (ou curadores) e, imagine, dos “reles mortais”. Os grandes intelectuais que fazem sua defesa se põem na condição de excelência de poder não compreendê-la, como se isso fosse um mérito.
O fio condutor que nos dava o passado como base de sustentação e abria o futuro como possibilidade de amadurecimento da linguagem foi trocado pelo nada: a arte pela arte pela arte pelo nada: o fazer qualquer coisa.
Esta arte dita arte e dita contemporânea, que não consegue compreender os experimentos estéticos iniciados por Duchamp, Brancusi e outros respeitáveis, e fica se repetindo até mesmo em seqüências de objetos, poderia muito bem se apresentar como escola e autodenominar-se de Oligofrenista. Espero que o acadêmicos oligóides não tentem se amparar desta crítica no histórico crítico dos impressionistas, que foram considerados borradores, porque o tempo pôde elucidar sua importância no desenvolvimento de elementos como a luz atmosférica, o ritmo e da arte, conceitualmente, como objeto de experimentação em si. Espero também que não queiram se amparar no lapso de incompreensão do Monteiro Lobato no seu Paranóia ou Mistificação, pois o mesmo tempo supracitado se encarregou de nos por à frente descobertas fundamentais ao desenvolvimento da linguagem estética como o volume, a emotividade expressiva, a força do emplasto, as texturas, a fusão com materiais de uso cotidiano... Agora, ficar insistindo num faz de conta, que, para mim, não tem nada a ver com a ótica de Duchamp, e que vem se arrastando a procura do nada através de incompetentes, incapazes de aperfeiçoarem as qualidades estéticas desta linguagem evolutiva, por falta de domínio do acervo técnico construído historicamente, é querer botar chifre na cabeça de cavalo (do ponto de vista real).
A vanguarda parece ter virado moda e o artista, transformado em ser eminentemente “sensorial”, com um curador às suas costas a pensar por ele, ao invés de romper com os dogmas que imobilizam a possibilidade de evolução da linguagem, resolve romper com a própria razão e mergulhar no plasma da consumação babilônica, na queda no abismo infinito da incompreensão... nas trevas, como se no campo subjetivo da vida humana, o mar não tivesse cabelos e as pedras não dessem leite. Lembro novamente o escritor Ariano Suassuna que disse que na sua infância o rio que passava na propriedade de sua família era apenas um rio, até que descobriu o reino das águas claras, do encantador Monteiro Lobato, e viu seu rio transformado num mundo mágico, aberto à enriquecedora experiência da imaginação humana, ou seja, num mundo cheio de humanidades.
Acredito que todos os homens são vocacionados a desfrutar de experiências estéticas, assim como da própria criação. Como professor de educação física em escolas públicas vi, inúmeras vezes, pernas de pau, que rodavam como perus, sem saber para onde ir num campo de futebol, se tornarem os melhores articuladores, ou volantes, da equipe. Como transmissor do deleite estético, vi pessoas, aparentemente broncas, tornarem-se artistas sensíveis às nuances que muitos profissionais do meio não conseguem vislumbrar.
Acredito também, como pensa o contemporâneo francês Edgar Morin (seguindo os passos de Nietzsche) na arte como fenômeno capaz de reunir e expressar os sentidos desta existência fragmentada por tantas especialidades.
Por isso combato o Admirável Mundo Novo profetizado por Aldous Huxley, onde as pessoas nascem com natureza previsível e só realizam a plenitude de suas vidas dentro do espaço restrito dessa natureza, e grito com Goethe por luz, mais luz!
Não como na mesa destes que se esquivam de penetrar profundo no universo da criação e ficam a se masturbar com elucubrações superficiais que de tanto não encontrar razão já provaram que não a têm. E não me venham falar que a arte prescinde da razão, pois os mandarei aos porcos, ou macacos...ou a qualquer outro animal deste imenso reino. Veja que performance: uma assembléia com a fauna, com participação da flora (sem direito a voz, é claro), culminando com um manifesto neo-pragmático pré e pós coisa nenhuma.
Noves fora às ironias, deixo-vos com Carlos Penna Filho, que relutando contra as desilusões propõe como última alternativa a transitoriedade, no entanto, uma transitoriedade amorosa, eterna enquanto dure, ou, sem compostura: dura mesmo!

A solidão e sua porta

Quando nada mais resistir que valha
A pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar,
Nem o torpor do sono que se espalha.
Quando pelo desuso da navalha
A barba livremente caminhar
E até Deus em silêncio se afastar,
Deixando-te sozinho na batalha
a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida,
com tudo de insolvente e provisório.
E que ainda tens uma saída:
Entrar no acaso e amar o transitório.



Ivan Marinho.